terça-feira, 3 de março de 2015

Por que se confessar?

A Penitência é um sacramento que nos auxilia na caminhada nesta estrada difícil rumo ao céu. Jesus veio ao nosso mundo para tirar o pecado; como disse São João Batista, “Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). O Filho de Deus não veio a este mundo para outra finalidade, senão esta. E para isso pregou o Evangelho da Salvação, instalou o Reino de Deus entre nós, instituiu a Igreja para levar a cabo esta missão de arrancar o pecado da humanidade, e morreu na Cruz, para com sua morte e ressurreição nos justificar diante da Justiça divina. 

Com o preço infinito de Sua Vida, Ele pagou o nosso resgate, reparou a ofensa infinita que nossos pecados fazem contra a infinita Majestade de Deus. E deixou com a Sua Igreja a incumbência de levar o perdão a todos os que crerem no Seu Nome. É por meio da Confissão (= Penitência, Reconciliação) que a Igreja cumpre a vontade de Jesus de levar o perdão e a paz aos filhos de Deus. Infelizmente muitos católicos ainda não se deram conta da importância capital da Confissão, que só na Igreja Católica existe. Quando se derem conta da sua importância, os sacerdotes não terão sossego… Há mais de 50 anos me confesso, e o faço pelo menos uma vez por mês, porque acredito nas palavras de Jesus e da Igreja: “a quem perdoardes os pecados, os pecados serão perdoados”. Nunca tive dificuldades para me confessar. 

É claro que contar as suas quedas a um homem como você, é constrangedor e até um pouco humilhante. Mas é uma “sagrada humilhação”; que nos faz bem. São Francisco de Sales dizia que “a humilhação nos torna humildes”. Na pessoa do sacerdote da Igreja, legitimamente ordenado, está o próprio Jesus, que age nele “in persona Christi”, para lavar a sua alma com o Seu Sangue; e o sacerdote está terminantemente proibido de contar, a quem quer que seja, o que ouviu na Confissão. É o sigilo da Confissão. Ele pode ser excomungado da Igreja se revelar o pecado de um fiel. Além disso, é bom confessar-me com um homem, pecador como eu, mais ou menos, porque assim ele me entende. O difícil seria me confessar com um Anjo, que não tem pecados. 

Gostaria de dizer aqui que nestes anos todos de minha vida, de Confissão frequente, nunca me senti maltratado, humilhado ou menosprezado em uma Confissão; ao contrário, sempre senti-me acolhido nos braços do Confessor, como se fosse os próprios braços de Cristo a me levar de volta para a casa do Pai. O Confessor é o como aquele bom pastor que resgata a ovelha do abismo do mundo, a coloca nos ombros e a leva para o aprisco seguro. É uma grande graça que o Bom Pastor deixou para as suas ovelhas. Somente a Igreja Católica recebeu e guardou esta riqueza para você, e espera que você não a despreze, pois afinal custou a vida de Nosso Senhor.

O Sacramento da Penitência, chamado também de Confissão, é portanto, o meio ordinário que Jesus deixou para a nossa santificação. Impressiona-me, profundamente, observar que o primeiro ato do Senhor, após a Ressurreição, no mesmo dia desta, foi instituir o Sacramento da Penitência. É muito importante notar que esse foi o “primeiro ato” de Jesus após a Ressurreição: delegou aos Apóstolos o poder divino de perdoar os pecados: “a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados…” Não resta a menor dúvida! Juntamente com a Eucaristia, a Penitência é um sacramento da caminhada nesta estrada difícil rumo ao céu. 

O Senhor sabe da nossa miséria e fraqueza, então providenciou o remédio salutar. Se meditássemos profundamente neste grande mistério, e conhecêssemos toda a miséria da nossa alma, faríamos como alguns santos que queriam se confessar diariamente…

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Por que a Igreja Católica cultua as imagens de santos?

Em primeiro lugar é preciso entender que Deus não proíbe fazer imagens, mas sim de fazer imagens “de ídolos”; isto é, de deuses falsos; mas isso a Igreja Católica nunca fez e nem autorizou fazer. Já no Antigo Testamento o próprio Deus prescreveu a confecção de imagens como querubins, serpente de bronze, leões do palácio de Salomão, etc. A Bíblia defende o uso de imagens como você pode verificar em muitas passagens: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7.10-14; 5,8; 1Sm 4,4; 2Sm 6,2; Sb 16,5-8; Ez 41,17-21; Hb 9,5… e mais.

Os Profetas condenavam a confecção de imagens “de ídolos”: “Os que modelam ídolos nada são, as suas obras preciosas não lhes trazem nenhum proveito… Quem fabrica um deus e funde um ídolo que de nada lhe pode valer?… ” (Isaias 44,9-17) 

O que é um ídolo? 

É aquilo que: 

1 – substitui o único e verdadeiro Deus; 
2 – são-lhe atribuídos poderes exclusivamente divinos; e, 
3 – são-lhe oferecidos sacrifícios devidos ao verdadeiro Deus. 

É o que os judeus antigos no deserto fizeram com o bezerro de ouro (cf. Ex 32). Não é o que os católicos fazem. A Igreja Católica nunca afirmou que devemos “adorar” as imagens dos santos; mas, venerá-las, o que é muito diferente. A imagem é um objeto que apenas lembra a pessoa ali representada; o ídolo, por outro lado, “é o ser em si mesmo”. A quebra de uma imagem não destrói o ser que representa; já a destruição de um ídolo implica da destruição da falsa divindade. Para Deus, e somente Deus, a Igreja presta um culto de adoração (“latria”); nele reconhecemos Deus como Todo-Poderoso e Senhor do universo. Aos santos e anjos, a Igreja presta um culto de veneração (“dulia”); homenagem. A Nossa Senhora, por ser a Mãe de Deus, a Igreja presta um culto de “hiper-dulia”, que não é adoração, mas hiper-veneração. A São José “proto-dulia”, primeira veneração. A palavra “dulia” vem do grego “doulos” que significa “servidor”. Dulia em português quer dizer reverência, veneração. Latria é adoração; vem do grego “latreia” que significa serviço ou culto prestado a um soberano senhor. Em outras palavras, significa adoração. Veja, então não há como confundir o culto prestado a Deus com o culto prestado aos Santos. Rogando aos Santos não os olhamos nem consideramos senão como nossos intercessores para com Jesus Cristo, que é o único Medianeiro (cf. 1Tm 2,4) que nos remiu com seu sangue, e por quem podemos alcançar a salvação. 

A mediação e intercessão dos santos não substituem a única e essencial mediação de Cristo, o único Sacerdote, mas, é uma mediação “através” de Cristo, e não paralela e nem substitutiva. Sem a mediação única de Cristo nenhuma outra tem poder. A imagem de um santo tem um significado profundo. Quando se olha para uma imagem ela nos lembra de que a pessoa ali representada é santa, viveu conforme a vontade de Deus, então, é um “modelo de vida” para todos. A imagem lembra também que aquela pessoa ali representada está no céu; isto é, na comunhão plena com Deus, goza da chamada “visão beatífica de Deus”; e intercede por nós sem cessar, como reza uma das orações eucarísticas da Missa. São Jerônimo dizia: se aqui na terra os santos em vida rezavam e trabalhavam tanto por nós, quanto mais não o farão no céu, diante de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “ia passar o céu na terra”, isto é, intercedendo pelas pessoas. O Catecismo da Igreja nos ensina o seguinte no §956: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49).

A imagem de um santo nos lembra ainda que ele é santo pelo poder e graça de Deus; então, a veneração da imagem dá glória a Deus, mais que ao santo. São Bernardo, doutor da Igreja, sempre que passava por uma imagem de Nossa Senhora dizia: “salve Maria!”. Um dia, depois de dizer essas palavras, Nossa Senhora lhe disse: “Salve Bernardo!” Podemos tocar e beijar as imagens como um gesto de amor, reverência e veneração, não de adoração. Não fazemos isso com a imagem de um ente querido falecido? Podemos admirar as imagens – por isso elas devem ser bem feitas, em clima de oração – e rezar diante delas, pedindo ao santo ali representado que interceda diante de Deus. É Deus quem faz o milagre, mas o pedido vem dos santos, como nas Bodas de Caná, onde Jesus fez a transformação de 600 litros de água em vinho “porque sua Mãe intercedeu”. Ainda não era a hora dos seus milagres! A intercessão dos santos é algo maravilhoso. Quando nós precisamos de um favor de uma pessoa importante, mas não conseguimos chegar até ela, então, procuramos um mediador, um intercessor, que seja amigo dessa pessoa, para fazer a ela o nosso pedido. E a pessoa importante a atende por ter intimidade com nosso intercessor. Ora, fazemos o mesmo com Deus. 

Não temos intimidade com Deus como os santos que já estão na sua glória; nossos pecados limitam nossa intimidade com Deus; então, os santos nos ajudam. Mas, como os santos podem ouvir todos os pedidos ao mesmo tempo sem que eles tenham a onisciência e a onipresença de Deus? É simples; na vida eterna já não existem mais as realidades terrenas do tempo e espaço; a comunhão perfeita com Deus dá aos santos o conhecimento de nossas orações e pedidos e, na plenitude de Deus, e através Dele, não há a dificuldade de atender a todos ao mesmo tempo, pois já não existe mais esse fator limitador. No céu a realidade é outra. Alguns perguntam: mas os mortos não estão todos dormindo, aguardando a ressurreição dos mortos? Não. Jesus contou o caso do pobre Lázaro que já estava no seio de Abraão, vivo e salvo, e o rico que sofria as penas eternas. A alma não dorme. No livro de Macabeus (2Mac 15, 11-15) temos a narrativa de Judas Macabeus que teve a visão do sacerdote Onias, já falecido, orando pelo povo judeu. Por tudo isso, as imagens precisam ser bem feitas, o mais parecidas possível com o santo. Não devemos fazer imagens mal feitas e mal pintadas. 

Quando não há uma foto ou uma pintura de santos antigos, então é licito que artistas sugiram uma imagem que a Igreja abençoa. Quando uma imagem que foi benzida se quebra, e não é possível restaurá-la, então, deve ser enterrada, ou destruída, ou colocada em um lugar onde não haja profanação dela. Se for de material combustível pode ser queimada. O Concílio ecumênico de Nicéia, no ano 789, aprovou o uso de imagens, disse: “Na trilha da doutrina divinamente inspirada de nossos santos Padres e da tradição da Igreja católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos.” São João Damasceno, doutor da Igreja, dizia: “A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus.”

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Por que João XXIII convocou o Concílio Vaticano II?

Sem dúvida, o Concílio Vaticano II foi o grande feito de João XXIII; como disse João Paulo II, foi a “Primavera da Igreja”. Vale a pena ler o que João XXIII mesmo disse sobre a convocação do Concílio; que foi uma surpresa imensa para toda a Igreja. É preciso entender que nos 21 séculos, a Igreja só realizou 21 Concílios universais, onde o Papa convoca todos os bispos do mundo. É uma apoteose. No Vaticano II eram 2600. Hoje seriam mais de 4000, sem contar os Eméritos. 

 Na década de 60 o mundo já estava cada vez mais comprometido com o progresso material, abandonando as realidades eternas. Então, a decisão de convocar o Concílio Vaticano II, anunciado em 25/1/1959 (conversão de São Paulo), foi para enfrentar isso. Nesta data João XXIII, estava na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde foi martirizado o apóstolo São Paulo. Junto com ele estavam diversos cardeais. Ali ele anunciou sua inspiração. Não nomeou nenhuma comissão para estudar previamente o assunto, não consultou nenhum especialista e não fez perguntas a ninguém.

Naquele mesmo local anunciou aos cardeais o seu firme propósito de convocar o Concílio Vaticano II. Mais tarde João XXIII referiu-se várias vezes a este fato: “A ideia do Concílio não amadureceu como fruto de prolongada consideração, mas como o florir espontâneo de uma inesperada primavera” (Alocução 9/8/59). “Consideramos inspiração do Altíssimo a ideia de convocar um Concílio Ecumênico, que desde o início de nosso pontificado se apresentou à nossa mente como o florir de uma inesperada primavera”. (Alocução, 5/6/60). “A ideia mal surgiu em nossa mente e logo a comunicamos com fraternal confiança aos senhores cardeais, lá na Basílica Ostiense de São Paulo Fora dos Muros, junto ao sepulcro do Apóstolo dos Gentios, na festa comemorativa de sua conversão, a 25 de janeiro de 1959″. (Alocução 20/2/62) 

Ao anunciar o Concílio, João XXIII disse aos cardeais: “Se o bispo de Roma estende o seu olhar sobre o mundo inteiro, de cujo governo espiritual foi feito responsável pela divina missão que lhe foi confiada, que espetáculo triste não contempla diante do abuso e do comprometimento da liberdade humana que, não conhecendo os céus abertos e recusando-se à fé em Cristo Filho de Deus, redentor do mundo e fundador da Santa Igreja, volta-se todo em busca dos pretensos bens da terra, sob a tentação e a atração das vantagens da ordem material que o progresso da técnica moderna engrandece e exalta. Todo este progresso, enquanto distrai o homem da procura dos bens superiores, debilita as energias do espírito, com grave prejuízo daquilo que constitui a força de resistência da Igreja e de seus filhos aos erros, erros que, no curso da história do Cristianismo, sempre levaram à decadência espiritual e moral e à ruína das nações. 

Esta verificação desperta no coração do humilde sacerdote que a divina providência conduziu a esta altura do Sumo Pontificado uma resolução decidida para a evocação de algumas formas antigas de afirmações doutrinárias e de sábias ordenações da disciplina eclesiástica que, na história da Igreja, em épocas de renovação, deram frutos de extraordinária eficácia para a clareza do pensamento e para o avivamento da chama do fervor cristão”. No Natal de 1961, João XXIII voltou a expor as causas da convocação do Concílio Ecumênico:Idade-Moderna-e-Contemporanea “A Igreja assiste hoje a grave crise da sociedade. Enquanto para a humanidade surge uma nova era, obrigações de uma gravidade e amplitude imensas pesam sobre a Igreja, como nas épocas mais trágicas de sua história. 

A sociedade moderna se caracteriza por um grande progresso material a que não corresponde igual progresso no campo moral. Daí enfraquecer-se o anseio pelos valores do espírito e crescer o impulso para a procura quase exclusiva dos gozos terrenos, que o avanço da técnica põe, com tanta facilidade, ao alcance de todos. Diante do espetáculo de um mundo que se revela em tão grave estado de indigência espiritual, acolhendo como vinda do alto uma voz íntima de nosso espírito, julgamos estar maduro o tempo para oferecermos à Igreja Católica e ao mundo o dom de um novo Concílio Ecumênico. Ao mundo perplexo, confuso e ansioso sob a contínua ameaça de novos e assustadores conflitos, o próximo Concílio é chamado a suscitar pensamentos e propósitos de paz, de uma paz que pode e deve vir sobretudo das realidades espirituais e sobrenaturais da inteligência e da consciência humana” (Bula Humanae Salutis). 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Papa: "Pedir o dom das lágrimas para uma conversão sem hipocrisia"

Cidade do Vaticano (RV) – Na tarde desta Quarta-feira de Cinzas, dia de início da Quaresma, realizou-se uma assembleia de oração na forma das “Estações” romanas, presidida pelo Papa Francisco. A cerimônia teve início às 16h30 na Igreja de Santo Anselmo no Aventino, com um momento de oração, seguido pela procissão penitencial até a Basílica de Santa Sabina. Participaram Cardeais, Arcebispos, Bispos, Monges Beneditinos de Santo Anselmo, os Padres Dominicanos de Santa Sabina e alguns fiéis. 

Ao final da procissão, o Santo Padre presidiu a celebração da Eucaristia com o rito da bênção e imposição das cinzas. A Quaresma é o “tempo em que buscamos unir-nos mais estreitamente ao Senhor Jesus Cristo para partilhar o mistério de sua paixão e da sua ressurreição”, disse o Pontífice no início de sua homilia, explicando a seguir o significado da insistência do Profeta Joel sobre a conversão interior, “Voltai para mim com todo o coração”: “Significa tomar o caminho de uma conversão não superficial e transitória, mas sim um itinerário espiritual que concerne ao lugar mais íntimo da nossa pessoa. 

De fato, o coração é a sede de nossos sentimentos, o centro em que amadurecem as nossas escolhas, as nossas atitudes”. O Papa exortou então, "especialmente a nós sacerdotes", a pedir neste início de Quaresma o dom das lágrimas, “de modo a tornar a nossa oração e o nosso caminho de conversão sempre mais autêntico e sem hipocrisia”. "Nos fará bem perguntarmo-nos: "Eu choro? O Papa chora? Os bispos choram? Os consagrados choram? Os sacerdotes choram? A oração é a nossa oração?". Justamente esta, disse Francisco, é a mensagem do Evangelho do dia. Na passagem de Mateus – observa o Papa - Jesus relê as três obras de piedade previstas pela lei mosaica: a esmola, a oração e o jejum. "As distingue, o fato externo do fato interno daquele chorar do coração". E recordou: “Ao longo do tempo, estas prescrições foram atingidas pela ferrugem do formalismo exterior, ou até mesmo se transformaram num sinal de superioridade social. 

Jesus evidencia uma tentação comum nestas três obras, que se pode resumir justamente na hipocrisia: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles... Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, como fazem os hipócritas... Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé, para serem vistos pelos homens... E quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas”. Jesus – disse o Papa – nos convida a realizarmos as boas obras “sem nenhuma ostentação e confiarmos unicamente na recompensa do Pai ‘que vê o que está no oculto”. E o Senhor jamais se cansa de ter misericórdia de nós, nos oferecendo continuamente o seu perdão e o convite para voltarmos a Ele "com um coração novo, purificado do mal, purificado pelas lágrimas, para tomar parte da sua alegria". 

Mas este esforço de conversão “não é somente uma obra humana, mas é possível graças à misericórdia do Pai”, que sacrificou seu próprio Filho. “Com esta consciência – disse o Pontífice – iniciamos confiantes e alegres o itinierário quaresmal. Que Maria Mãe Imaculada sem pecado auxilie o nosso combate espiritual contra o pecado, nos acompanhe neste momento favorável, a fim de que possamos cantar juntos a exultação da vitória no dia da Páscoa”. E como sinal do querer deixar-se reconciliar com Deus, à exceção das lágrimas no escondido, em público cumpriremos o gesto da imposição das cinzas na cabeça: “Ambas as fórmulas constituem um chamado à verdade da existência humana: somos criaturas limitadas, pecadores sempre necessitados de penitência e de conversão. Como é importante ouvir e acolher tal chamado neste nosso tempo! O convite à conversão é então um impulso a voltar, como fez o filho da parábola, para os braços de Deus, Pai carinhoso e misericordioso, a confiar n’Ele e a confiar-se a Ele”. (JE/RL)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A PROFISSÃO DA FÉ - «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem? 

1 – 25 Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança. CAPÍTULO PRIMEIRO O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS 30 «És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti» ( S. Agostinho ). 

 2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus? 

27-30 44-45 Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade, que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que confere ao homem a sua dignidade fundamental. 

 3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz da razão? 

31-36 46-47 A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão, conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita. 

 4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer Deus? 

37-38 Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas dificuldades. Além disso, não pode entrar só pelas suas próprias forças na intimidade do mistério divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação não apenas sobre verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e morais que, apesar de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas por todos, sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro. 

5. Como se pode falar de Deus? 

39-43 48-49 É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das outras criaturas, que são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É, porém, necessário purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que ela contém de imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir plenamente o infinito mistério de Deus.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Papa: o martírio dos cristãos me comove

Cidade do Vaticano (RV) – O martírio dos cristãos não é algo do passado, mas muitos deles são vítimas também hoje “de pessoas que odeiam Jesus Cristo”. Esta foi a constatação feita pelo Papa Francisco na manhã desta sexta-feira (06/02), na homilia da missa na Casa Santa Marta, no final de uma intensa meditação sobre a vida e a morte de João Batista. 

Seguindo as páginas do Evangelho de São Marcos, o Papa destacou que João “jamais traiu a sua vocação”, “consciente de que o seu dever era somente anunciar” a “proximidade do Messias” –, de ser somente “a voz”, porque “a Palavra era Outra pessoa”. João termina a sua vida como o Senhor, com o martírio. E é sobretudo quando acaba na prisão por ordem de Herodes Antipas que “o maior homem nascido de mulher” se torna, observou Francisco, “pequeno, pequeno, pequeno”. Primeiro, porque duvida de Jesus. Segundo, quando chega para ele o momento do fim, ordenado por um rei ao mesmo tempo fascinado e perplexo diante de João: “No final, depois desta purificação, abrindo caminho para a aniquilação de Jesus, termina a sua vida. 

Aquele rei perplexo se torna capaz de um decisão, mas não porque o seu coração tenha sido convertido, mas porque o vinho lhe deu coragem. E assim João termina a sua vida sob a autoridade de um rei medíocre, bêbado e corrupto, pelo capricho de uma bailarina e pelo ódio vingativo de uma adúltera. Assim termina o Grande, o maior homem nascido de mulher”. “Quando eu leio este trecho – afirmou a este ponto o Papa – eu confesso que me comovo” e penso sempre “em duas coisas”: 

“Primeiro, penso nos nossos mártires, nos mártires dos nossos dias, aqueles homens, mulheres e crianças que são perseguidos, odiados, expulsos das casas, torturados, massacrados. E esta não é uma coisa do passado: hoje isso também acontece. Os nossos mártires, que terminam sua vida sob a autoridade corrupta de pessoas que odeiam Jesus Cristo. Nos fará bem pensar nos nossos mártires. Hoje pensemos em Paulo Miki, mas isso aconteceu em 1600. Pensemos naqueles de hoje! De 2015”. 

Além disso, prosseguiu o Papa, este diminuir de João o Grande “continuamente até o nada” me faz pensar “que estamos nesta estrada e caminhamos rumo à terra, onde todos nós acabaremos”. Faz-me pensar em “mim mesmo”: “Também eu vou acabar. Todos nós acabaremos. Ninguém tem a vida ‘comprada’. Também nós, querendo ou não, caminhamos na estrada da aniquilação existencial da vida, e isso, pelo menos para mim, me faz rezar para que esta aniquilação se pareça o mais possível com a de Jesus Cristo, com a sua aniquilação”.

http://www.news.va/pt/news/papa-o-martirio-dos-cristaos-me-comove

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Bispos brasileiros refletirão sobre o Sínodo para as Famílias no seu curso anual em 2016

Rio de Janeiro, 30 Jan. 15 / 09:55 pm (ACI/EWTN Noticias).- O entendimento de que é preciso transmitir a mensagem de Jesus Cristo de forma moderna, especialmente, aos jovens, foi o grande consenso do 24º Curso para Bispos, segundo o diretor do encontro anual, Dom Karl Josef Romer. Este ano foi concluído o triênio de reflexões sobre Concílio Vaticano II e, em 2016 os temas vão abordar o Sínodo para as Famílias.

Cerca 90 bispos de diversas regiões do país participaram do evento, realizado pela Arquidiocese do Rio, entre os dias 26 e 30 de janeiro, no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro. Os conferencistas foram: Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação da Causa do Santos, no Vaticano, Dom Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, e monsenhor Pierangelo Sequeri, professor da Universidade de Milão.

Segundo o diretor do curso, Dom Romer, que é bispo emérito da arquidiocese, os bispos diocesanos, auxiliares e eméritos presentes acolheram com grande entusiasmo tudo o que foi apresentado pelos conferencistas internacionais.

“Os bispos estão levando muito a sério a questão da comunicação. Entendem que é preciso usar os meios modernos de comunicação, não só o computador, mas também os iphones, entre outros recursos de comunicação rapidíssima. Porque precisam falar para à juventude, para que os jovens entendam que a Igreja participa da vida deles”, observou.

O curso, realizado anualmente, é aberto a todos os bispos do país. Dom Romer afirmou que em 2016 serão abordadas questões novas e cruciais para a valorização da família. Ele reforçou a importância de ressaltar que a família é formada para gerar vida, segundo a criação de Deus.

“Temos que respeitar e jamais ofender as pessoas que pensam diferente, mas sabemos que o fundamento de uma família é a união entre o homem e a mulher”, afirmou.

O bispo emérito ressaltou ainda que um grave problema do mundo atual é a falta de compromisso.

“As pessoas estão com uma incapacidade de uma fazer uma opção radical e definitiva na vida. Muitos acham que estão no ‘supermercado’ e que podem ‘tirar’ o que querem de todas as ‘estantes’. Na vida não é assim. Se o homem casado, por exemplo, jurou amor e fidelidade a sua esposa, ele deve com fé conduzir sua vida com ela, dando testemunho no mundo. Ele é corresponsável e não deve quebrar a promessa feita no altar a Deus”, recordou.