a) Existe o inferno? - Provas pedidas ao Bom Senso. - Pe. Lacroix - Editora S. C. J- Taubaté
Eis o primeiro opúsculo original que apareceu entre nós sobre o palpitante problema do Inferno (1' edição em 1929 e 2a em 1937), com 231 págs., de formato médio (15 x 11 cm). Trata do assunto profunda e sumariamente em doze capítulos, dando em confirmação ao dogma do Inferno quatro provas filosóficas, tiradas do bom senso, e respondendo satisfatoriamente a doze perguntas ou objeções.
Como cada dogma da Igreja tem suas razões filosóficas, tiradas do bom senso humano, e como correm mundo, de boca a boca, os mesmos sofismas contra a existência do Inferno, cuidou o autor em salientar, sobretudo, as razões opostas do bom senso comum e examinar, em seguida, o valor das provas aduzidas. Por fim, expõe, no cap. IX a universalidade da crença no Inferno e, no cap. X, a respectiva doutrina do Cristianismo.
Em abono da crença geral no Inferno entre os Judeus, cita o autor os seguintes tópicos da Bíblia: Moisés (Deut. 32, 22), Jó (c. 10), Judite (16. 21), Isaías (33, 14 e 34, 24), Jerenúas (23, 40), Daniel (12, 2) e São João Batista (Mat. 3, 12), e conclui: “Eis aí testemunhos de grande valor, alguns dos quais de veneranda Antigüidade. Muitos séculos, pois, antes da história grega e latina, já existia a crença no Inferno, sendo que os Livros sagrados falam nele muitíssimas vezes como numa verdade reconhecida por todos, ao menos por todos os crentes".
Estendia-se a crença no Inferno (Tártaro) e no Purgatório a todos os povos pagãos do mundo antigo. Quanto mais progrediram na cultura, tanto mais documentos deixaram dessas crenças, desde os Assírios, Caldeus e Egípcios até os Gregos e Romanos. Muitos poetas e escritores falaram dessa crença geral entre eles, senão da própria universalidade dessa crença entre todos os povos do mundo. O autor cita os seguintes: Homero, Orfeu, Hesíodo, Lino, Horácio, Ovídio, Virgílio, Sêneca etc.; Sócrates, Platão, Aristóteles, Cícero, Lucrécio, Celso. Eis, como exemplo, um trecho impressionante de Lucrécio (De natura rerum, lib. I, III): “Já não se tem mais sossego, é impossível dormir tranqüilo: por quê? porque se tem que recear, depois desta vida, penas eternas, pelo medo das quais nenhum mortal pode ser feliz .......” 0 ímpio Voltaire confessa (Ad- dit. à l‘Híst. Génér.): "A opinião da existência tanto de um Purgatório quanto de um Inferno é da mais remota Antigüidade". - Surgindo subterfúgios em contrário cumpre não esquecer as palavras de Joubert (Pensées et Essais et Maximes, t. 1, p. 318): "Desde que um raciocínio ataca o instinto e a prática universal, pode ser dificil refutá-lo, mas certissimamente é enganador e falso" (p. 194).
No Novo Testamento salienta-se a crença na existência do Inferno como uma das verdades fundamentais da religião de Cristo. Nosso Senhor não assinalou essa verdade só duas ou três vezes e superficialmente, porém quinze vezes, e isso do modo mais explícito e impressionante, como em Marcos (9, 42), Lucas (16, 19), e Mateus (25, 41). Também os Apóstolos se referiram repetidas vezes ao castigo do fogo eterno, como São Judas (c. 7), São Paulo (II Tess. 1, 9) e São João (Apoc. 14, 11; 20, 10). No sentido óbvio de todos esses textos existe, insofismavelmente, o fogo eterno do Inferno.
b) Cristo e os demônios - Dr. P. Armando Polz (171 págs. de formato francês), Editora S. C. J., Taubaté
O assunto demônios é correlativo ao do Inferno. Se existem espíritos condenados por Deus ao castigo eterno do Inferno, e se esses procuram arrastar consigo, na perdição eterna, o maior número possível de homens, claro é que deve existir, para todos os réprobos, como que uma imensa cadeia infernal, tal como a aponta a fé cristã, um braseiro de tormentos eternos horríveis.
Na introdução, o autor dá uma orientação geral acerca do assunto, expondo a crença pagã, judaica e cristã sobre os demônios.
Quem deve perfeitamente conhecer os demônios não é senão o próprio Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo. De inúmeros textos da Sagrada Escritura tira e concretiza o autor a palavra de Cristo sobre os demônios. Na 1o parte assinala nove características dos demônios; na 2o parte prova o triunfo de Cristo sobre eles todos. Da absoluta superioridade de Cristo sobre o demônio tira o autor a última conclusão da incontestável divindade de Cristo.
Se, pois, existem os demônios, tais quais o próprio Cristo os pintou, como inimigos de Deus e dos homens, deve existir o Inferno, ao qual todos eles estão condenados para sempre, juntamente com os homens seduzidos por eles e revoltados contra Deus.
Os ímpios vêm a ser chamados também os sem-Deus. Nada querem saber de Deus, nem de Cristo e de sua Religião. Chegam mesmo a odiá-los e persegui-los. Formam o imenso exército de satanás neste Mundo. A ele pertencem, como chefes invisíveis, a maçonaria e as similares sociedades secretas. A ele pertencem todos os niilistas, anarquistas, bolchevistas e comunistas militantes do Mundo. A ele pertencem todos os sem-Deus, que o negam teórica ou praticamente e vivem sem Ele. Inúmeros estão nessa condição. A conseqüência é fatal: como nada querem saber de Deus durante a vida e perseguem a religião o mais que podem, sua sorte eterna não pode ser senão a dos sem-Deus, a serem relegados ao Inferno e atormentados pelos demônios por toda a eternidade.
No caminho do Inferno estão igualmente todos os pecadores impenitentes. São Paulo preveniu (I Cor. 6): "Não vos enganeis: nem os ímpios, nem os idólatras, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os ébrios possuirão o reino do Céu”. Além dos pecados de ação, há os de omissão, deixando-se de cumprir graves obrigações de estado ou de profissão, do estado matrimonial, sacerdotal ou religioso, da profissão exercida ou do cargo assumido. Ninguém pode dispensar-se do seu cumprimento. Dai resulta na vida de cada um, a possibilidade de cometer numerosos pecados mortais, por pensamentos, palavras e obras, pecados de orgulho, de injustiça e de luxúria.
Se o pecado grave em si merece o castigo do Inferno, só atira ao mesmo, caso não seja retratado, arrependido e reparado, como acontece na impenitência final do homem que morre em seu pecado ou impenitente. Errar e pecar é humano, mas obstinar-se no erro e perseverar no pecado, é diabólico. Se no momento de pecar o homem se deixa facilmente fascinar pelo deleite pecaminoso, logo depois de cometido o pecado, os olhos se lhe abrem e volta-lhe o bom senso; ele sente-se então naturalmente envergonhado e levado ao arrependimento. Se pelo contrário ele se obstinar no pecado, tanto mais culpado ele se torna. A obstinação no mal é um pecado contra o Espírito Santo. O adiamento da conversão leva muitíssimas vezes ao sumo castigo da impenitência final e conseguintemente ao Inferno.
N. B. - Como dedução lógica do que vem exposto cumpre finalmente notar que, além dos declarados inimigos de Deus, cairão fatalmente no Inferno todos os que desse nada querem ouvir, ler e saber, e que com Ele não se importam e vivem como se Ele não existisse.
Deus colocou o homem num mundo de maravilhas que o encantam, com a ordem de dominar as criaturas, de usá-las sem abusar delas, de dar a Ele o que Lhe deve, de adorá-Lo, glorificá-Lo sobre tudo, e de amar o próximo como a si próprio. Deu-lhe suficiente inteligência, para discernir o bem do mal, e suficiente força para evitar o mal e praticar o bem. Pela oração oferece-lhe quantas graças ele precisar, para cumprir o seu destino.
Enquanto o homem vive na Terra, acha-se atirado entre dois extremos, entre a definitiva posse de Deus no Céu e a sua definitiva perda no Inferno. Cumpre-lhe escolher entre o Sumo Bem e o Sumo Mal. Por sua vida revela-se pró ou contra Deus, amigo de Deus ou revoltado contra Ele. Se o homem preferir os bens perecíveis deste Mundo às recompensas espirituais do outro, perderá todos eles, os deste e os do outro Mundo. No fim da vida ficará relegado ao extremo oposto a Deus, entregue aos demônios e abandonado aos mais horríveis tormentos do Inferno.
Cada dia da sua vida encontra-se o homem de novo nesta terrível alternativa, quanto a sua sorte definitiva eterna. A essa alternativa ninguém pode fugir. Para todos é a fatalidade final. Ao morrer, cada um receberá a recompensa do que tiver preferido em sua vida terrestre cada dia mais seguramente: ficará com Deus no Céu eternamente, ou ficará relegado ao Inferno, para o lugar da reprovação eterna e de tormentos sem fim. Ninguém escapará a esse dilema, a essa alternativa fatal. Ninguém fugirá das mãos de Deus. Diante de Deus, não há fuga possível, senão para Ele.
Antes de tudo insistiu Nosso Senhor para com seus ouvintes na indispensável necessidade do santo temor a Deus. Basta lembrar o texto de São Mateus (10, 28): "Não temais aos que podem trucidar o corpo, mas não podem matar a alma. Muito antes temei Aque- le que pode atirar corpo e alma ao Inferno". - O papel que na vida espiritual cabe ao temor a Deus é básico: "É a última barreira contra a qual vem esbarrar a violência da tentação. Se ela ficar firme, o homem se salva do naufrágio do pecado. Se ela não resistir, toma-se ele vítima da própria perversidade" (p. 62 da obra citada). Em realidade: "O temor de Deus é o início da sabedoria”(Prov. 1, 7).
O temor e o amor a Deus não se excluem, mas superpõem-se e completam-se mutuamente. Entre ambos há mais o motivo de interesse. Temor, interesse e amor, lícitos ou ilícitos, são os três únicos motivos que põem e mantêm o Mundo inteiro em movimento. Se o amor a Deus não é suficiente para levar o homem a cumprir a lei de Deus, restam os dois primeiros motivos, o do próprio interesse e o do temor a Deus. Esse é o último recurso de Deus para obrigar o homem a andar direito e cumprir os seus deveres. Deus aceita o serviço e o arrependimento humanos inspirados pelo temor reverencial ou filial, como também os inspirados pelo medo ao castigo, pelo que o pecador se afasta realmente do pecado, porque ofende e irrita a Deus. Fora da confissão, só vale a contrição perfeita de amor a Deus para se obter perdão. Resulta daí o imenso beneficio e a imensa vantagem que a Confissão oferece aos Católicos.
Foi por amor ao homem que Deus criou o Mundo com todas as suas belezas. Foi por amor que Deus destinou o homem a viver um dia juntamente com Ele no Céu, em companhia de todos os Anjos e Santos. No entanto, o homem devia querer e merecer essa felicidade, e tomar-se digno da companhia divina por uma adequada vida e fidelidade a Deus. Esta é a razão do estado transitório do homem e da provação a que ele está submetido neste Mundo até a sua morte. O próprio Inferno, Deus o criou por amor aos homens, para obrigar-nos e quase forçar-nos a amá-Lo devidamente. Mas quem se recusar a se render ao amor de Deus e obstinar-se por maldade em servir aos ídolos da Terra, perderá fatalmente o Céu com a eterna felicidade, e cairá no Inferno de tormentos eternos. Enquanto, porém, o homem continuar a viver neste Mundo, Deus procura, sem cessar, atraí-lo para Si e convertê-lo, oferecendo-lhe graça e perdão. De braços abertos acolherá a qualquer momento o filho pródigo contrito, com suma bondade e misericórdia.
(Revelações tiradas de Convite a uma Vida de Amor, de Sóror Josefa Menendez, 2a. ed., 1948, das págs. 94 a 133).
Ensinar-te-ei os meus segredos de amor, e tu serás exemplo vivo da minha Misericórdia, porque, se tenho tanto amor e predileção por ti que não és mais que miséria e nada, que não farei Eu por muitas outras almas mais generosas do que tu?
Farei conhecer que a minha obra repousa sobre o nada e a miséria, e que esse é o primeiro anel da cadeia de amor que desde toda a eternidade preparo às almas.
Farei conhecer até que ponto o meu Coração as ama e lhes perdoa. Vejo o íntimo das almas. .... O ato de humildade que fazem reconhecendo sua fraqueza. .... Pouco se Me dá a fraqueza delas. .... Supro o que lhes falta.
Farei conhecer como é que o meu Coração se serve dessa fraqueza para dar a vida a muitas almas que a perderam. Farei conhecer que a medida do meu Amor e da minha Misericórdia para com as almas caídas não tem limites. ....
Se tu és um abismo de miséria, Eu sou um abismo de Bondade e Misericórdia. O meu Coração é teu refúgio. Vem procurar nele tudo aquilo de que precisas, ainda mesmo que se trate de coisa que Eu te peça.
Não julgues que deixarei de amar-te por causa das tuas misérias, não: meu Coração ama-te e não te abandonará jamais. Bem sabes que é propriedade do fogo abrasar e destruir: assim é próprio do meu Coração perdoar, purificar e amar.
Não te disse muitas vezes que o meu único desejo é que as almas Me dêem as suas misérias? Se não ousas aproxímar-te de Mim, aproximar-Me-ei Eu de ti.
Quanto mais fraquezas encontrares em ti, tanto mais Amor encontrarás em Mim. Pouco Me importam as tuas misérias, o que Eu quero é ser o Dono de tua miséria.
A tua pequenez dá lugar à minha grandeza. .... A tua miséria e mesmo os teus pecados dão lugar à minha Misericórdia. .... A tua confiança atrai o meu Amor e a minha Bondade.
Não vos peço senão aquilo que tendes. Dai-Me o vosso coração vazio e Eu o encherei; dai-Mo despido de tudo e Eu o revestirei; dai-Me as vossas misérias e Eu as consumirei. O que não vedes, Eu vo-lo mostrarei ... Pelo que não tendes, responderei Eu.
Há muitas almas que crêem em Mim, mas poucas que acreditam no meu Amor; e, entre as que acreditam no meu Amor, são pouquíssimas as que contam com a minha Misericórdia. ....
Se peço amor em correspondência ao que Me consome, não é o único retomo que desejo das almas: desejo que creiam na minha Misericórdia, esperem tudo da minha Bondade, e não duvidem nunca do meu perdão.
Sou Deus, mas Deus de Amor! Sou Pai, mas Pai que ama com ternura e não com severidade. O meu Coração é infinitamente santo, mas também é infinitamente sábio e, como conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com Misericórdia infinita.
Amo as almas depois que cometeram o seu primeiro pecado se vêm pedir-Me humildemente perdão. .... Amo-as ainda, quando choram o seu segundo pecado e, se isso se repete, não digo um bilhão de vezes, porém milhões de bilhões de vezes, amo-as e perdôo-lhes sempre e lavo no meu Sangue o último, como o primeiro pecado!
Não Me canso das almas e o meu Coração espera sempre que venham refugiar-se nEle, por mais miseráveis que sejam! Não tem um pai mais cuidado com o filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com esse filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude? Assim também o meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura.
Quantas almas encontrarão a vida nas minhas palavras! Quantas cobrarão ânimo ao ver o fruto dos seus esforços: um pequeno ato de generosidade, de paciência, de pobreza, pode vir a ser um tesouro e ganhar para o meu Coração um grande número de almas. .... Eu não atendo à ação: atendo à intenção. O menor ato, feito por amor, pode adquirir tanto mérito e dar-Me tanta consolação! O meu Coração dá valor divino às menores ações. O que quero é amar. Não procuro senão amor. .... Não peço senão amor.
O fogo eterno do Inferno será a merecida paga pelo Amor de Deus desprezado, calcado aos pés.
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